sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Relato do quarto

Pra não ficar devendo vou escrever correndo aqui o relato do quarto. Correndo porque tenho um monte de texto da especialização pra ler.

Tive dois filhos em hospitais públicos:

Benício nasceu de uma cesárea (quero crer não que necessária), em março de 2010, no hospital universitário. Gostei. Fiquei em uma enfermaria com mais uma mulher, pouco mais velha que eu, também primeiro filho, Gabriel. Foi tranquilo. Bons médicos, muitos estudantes. banheiro podre. =/

Danilo nasceu na maternidade Cândida vargas, há um mês. Tudo tranquilo, enfermaria lotada, oito leitos, o meu era o número 1.

o relato do quarto:

O quarto possuía dois ventiladores de parede. Um bem em cima da minha cama (quebrada) ficava soltando umas poeirinhas sobre mim e desencadeou um processo alérgico brabo em mainha, minha acompanhante. O banheiro tinha um chuveiro e dois vasos, a porta não trancava.

Mas a estrutura física é o que menos importa, então vamos falar das minhas companheiras:

os leitos 7 e 8 foram desocupados e ocupados durante minha estadia. Não há muito o que dizer sobre as mulheres que ficaram lá. Quietas, mães de primeira viagem. A única menina do quarto estava ali, no leito 7. A era dos garotos chegou! ( na vez de Bê só tinha ele o tal Gabriel de meninos)

leito 6 - estava ocupado pela mãe de um prematuro há um bom tempo. Prematuro fica internado um tempão, e a mãe lá junto, 14 anos. Gente, sem mentira, toda vez que eu olhava essa menina tava mastigando. Comia toda hora.

leito 5 - a mãe tinha 16 anos apenas. O filho passou um dia inteiro dormindo, sem mamar e ela n avisou a ninguém "disseram que era normal" hein????

leito 4-  Não lembro (você lembra, mãe)

leito 3 -  Essa eu mal vi. Ficava deitada de costas balançando o pé no ritmo da música. Falo já da música.

leito 2- a funkeira! Basicamente a ideia do relato do quarto surgiu por causa dela. Minha inspiração. Garantindo a diversão no baile..ops! do quarto, colocava funk dia e noite. Sério!  Era seis da manhã, onze da noite. Eu não sabia se ria ou chorava. Só faltava levantar e rebolar! Quase pega uma briga com a pediatra que veio querer dar lição de moral, pois ela já ia no terceiro filho, e tinha (n lembro ao certo) 26 anos, por ai.

Outro "fato" interessante nas enfermarias são as avós! A maioria das acompanhantes são a mãe da mãe, como a minha que estava lá.

De todos os tipos, cores, sabores e humores, alegram o ambiente, querendo ou não. Tinha uma, mais velha, que dormia toda tortinha, numa cadeira de plástico (eu sei, absurdo) , boca aberta. Ficava impressionada me olhando, sem acreditar que eu havia saído de dentro da minha mãe, tão jovem e que já estava no meu segundo bebê.

A mãe da que deixou o filho passando fome era a mais jovem, mais que mainha. Mal humorada e atrevida quase tem um treco quando me deram alta antes de dar a sua filha. quase fez barraco e não deu em nada, pq seu neto estava com icterícia alta e teve que ficar na foto. Não quero o mal de nenhum bebê, mas achei bem feito pra els ter que ficar mais, não vou mentir! (ixi como tô má)

A mãe da comilona dormia que era uma beleza. aliás as duas dormiam. O bebê chorava a noite, como ninguém atendia voltava dormir, tadinho!

por fim (pensou que ia escapar?) minha mãe!

minha mãe teve uma crise alergica desde os primeiros minutos no quarto, por causa de um ventilador cheio de poeira. Passou a noite raptando Danilo, levando-o para lugares onde eu não podia vê-los. minha "Nazaré" (lembra da novela Senhora do destino). Quando não estava com ele, deitava numa poltrona preta destinada aos acompanhantes. Passou a madrugada se remexendo nela, que barulho chato!!! hahaha

Era, sem dúvida a mais bela das avós! E queria cuidar dos neto das outras ("mãe fica quieta que as enfermeiras vão te dar uma bronca" "e eu vou deixar o menino chorando?")

Observava tudo e nos comunicávamos pelo olhar e segurei o riso muitas vezes!

"mãe, quando eu levantar vê se eu tô andando assim como as outras"
"já vi, tá não"

"mãe, essa menina..."
 "passa o dia comendo"

kkkkkkkkkkkkkkkk

essa mulher tem poderes, ficava lendo meus pensamentos!
cuidou da gente muito bem e fez da enfermaria um jardim!


Ficar em enfermaria é isso. Conhecer pessoas, histórias. Rir um pouco e se indignar tb.
Mas da próxima vez quero ficar em casa mesmo, com meu maridinho e meu banheiro.


Laís Dias

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